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ENERGIA SOLAR GANHA ESPAÇO ENTRE OS PEQUENOS

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Energia solar ganha força como alternativa para redução de custos e aumento da competitividade das pequenas empresas

Um dos principais itens dos custos de muitas das empresas, a energia elétrica tem ficado mais cara. Com a crise hídrica que o Brasil atravessa, desde setembro tem sido aplicada a bandeira tarifária que adiciona R$ 14,20 nas contas a cada 100 kWh consumidos. Diante desse cenário, a solução para as micro e pequenas empresas reduzirem seus gastos pode vir do céu: o sol, que passou a ser um grande aliado para geração de eletricidade de forma limpa e sustentável por meio dos chamados sistemas de energia solar fotovoltaica.

Pesquisa realizada pelo Sebrae em Mato Grosso com mais de 350 empresas em 2020 aponta que a energia elétrica representa 15,44% dos custos que mais pesam no dia a dia. De acordo com a consultora de negócios do Sebrae-SP Patrícia Peceguini, esse valor pode variar ainda mais dependendo do porte e segmento da empresa, além das diferenças climáticas que influenciam no uso do ar-condicionado.

De acordo com a vice-presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Bárbara Rubim, gerar a própria energia é uma possibilidade que traz economia para os pequenos negócios. “Ao fazer isso, a empresa passa a ter uma previsibilidade maior de qual vai ser o custo com eletricidade, se previne das elevadas altas tarifárias que o Brasil vem enfrentando e libera uma parcela representativa de seu orçamento para reinvestir no desenvolvimento de suas atividades fins”, comenta.

Em Araraquara, no interior de São Paulo, a empreendedora Marli Alves instalou um sistema de energia solar em novembro de 2020 em seu salão de beleza, Shampoo Cabeleireiros. Mesmo sendo Microempreendedora Individual (MEI), ela fez os cálculos e percebeu que valeria a pena.

Sua conta de energia elétrica ficava em média R$ 500 por mês. Fez o financiamento do sistema por cinco anos pagando mensalmente o mesmo valor. “Daqui a quatro anos acaba o meu financiamento e vou pagar cinco a seis vezes menos de energia por mês com o sistema solar. Minhas clientes querem conforto, mas antes eu tinha medo de ligar o ar-condicionado e não conseguir pagar a conta. Agora isso acabou.”

A empreendedora conta, ainda, que pretende utilizar a economia com os custos de energia para fins pessoais. “Pretendo viajar mais e fazer uma reserva para a faculdade do meu filho”, revela.

No Sítio Harmonia, na cidade de Caconde, também no interior de São Paulo, o produtor rural e presidente do Sindicato Rural no município, Ademar Pereira, também buscou a solução na energia gerada pelo sol. O empreendedor conta que foi o primeiro a instalar o sistema na região em 2018 motivado pela economia, já que seu uso impacta diretamente de forma positiva nos custos de sua produção de café.

Antes gastava em média R$ 1,5 mil com energia, mas hoje não passa de R$ 70 por mês. “Essa diferença nos ajudou a investir em equipamentos importantes na produção, como sistemas de irrigação, cercas elétricas e muitas outras necessidades que auxiliam no processo como um todo. Essa economia permite que façamos muitas coisas que antes não tínhamos recursos”, explica Pereira.

O empreendedor afirma que ainda afirma que, atualmente, mais de 100 pequenas propriedades rurais em Caconde utilizam o sistema de energia solar fotovoltaico, assim como o serviço de internet que se faz valer do sistema em cumes de montanhas para retransmitir o sinal Wi-Fi para mais de 1,3 mil produtores da cidade. “Foi uma revolução. Algo simples, mas que transformou a realidade dentro do município conectando o produtor rural e fazendo com que esse mundo digital exista no agronegócio de Caconde”, comemora.

O Sebrae-SP na região, por meio do Escritório Regional de São João da Boa Vista, oferece informações e ajuda os pequenos produtores rurais a analisar a viabilidade de implantar o sistema de energia solar em suas propriedades. “Muitos entendem que energia solar é só para empresas grandes, mas o Sebrae mostra que o pequeno também se beneficia muito. Consultores de finanças visitam as nossas propriedades e mostram em uma planilha de Excel os cálculos do nosso consumo de energia, dimensionam o investimento e analisam o retorno. Tudo isso facilita a nossa tomada de decisão”, explica Pereira.

ESPAÇO PARA CRESCER

Apesar das vantagens, poucas pequenas empresas conhecem os benefícios e como funciona, na prática, a implantação desse sistema. A pesquisa “Energia Solar e os Pequenos Negócios no Brasil”, realizada pelo Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS), em parceria com a Absolar e a Fundação Seade, aponta que das 3.199 empresas ouvidas, apenas 0,1% das microempresas e empresas de pequeno porte já instalaram o sistema de geração fotovoltaica.

Outros 9,2% dizem conhecer, mas não usam; 20% não conhecem; enquanto 70,7% conhecem pouco e não usam. Em contrapartida, o estudo mostra que, dos empresários e empresárias que possuem o sistema fotovoltaico, 83,9% reduziram os gastos com energia elétrica e mais da metade (60%) pretende investir mais em energias renováveis, sendo que, desses, 47,5% na fonte solar fotovoltaica.

Para a consultora Patrícia Peceguini, os valores economizados com energia geram uma redução nos custos totais do negócio e aumentam a lucratividade da empresa. “O resultado (lucro) maior promove um aumento do capital de giro, que pode ser utilizado para reserva de emergência, compra de mercadorias com desconto, redução de despesas com juros e antecipações, ou ainda, para investimentos diversos”, comenta.

COMO INSTALAR

De acordo com a vice-presidente da Absolar, Bárbara Rubim, a recomendação é sempre olhar o histórico da empresa escolhida para a instalação a fim de analisar outros serviços já realizados, como é composto o corpo de funcionários e a especialidade que essa empresa tem para garantir um bom atendimento. Num segundo momento, Bárbara explica que o pequeno negócio interessado precisa mostrar à empresa de instalação o histórico de seu consumo de energia e a situação da estrutura física em que o futuro sistema será instalado.

De posse dessas informações, a empresa faz o dimensionamento do sistema, elabora o projeto e o interessado pode procurar as mais de 70 opções de linhas de crédito que existem disponíveis atualmente para este tipo de financiamento. Uma vez liberado o recurso, o sistema é instalado e a solicitação de acesso é feita à rede da concessionária de energia.

É por meio desse procedimento que a conexão do sistema é efetivamente realizada e a compensação dos créditos de energia começam a vigorar. “Na prática, a energia gerada pelo sistema vai ser injetada na rede da distribuidora que atende aquela unidade quando não estiver sendo consumida de forma instantânea, gerando créditos de energia na conta de luz da pequena propriedade”, explica.

OPORTUNIDADE PARA EMPREENDER

O mercado de energia solar no Brasil está aquecido. De acordo com a Absolar, existem hoje mais de 20 mil empresas que fazem a instalação de sistemas de energia solar fotovoltaico no País – mas ainda há espaço para mais, o que significa também uma oportunidade para empreender no segmento.

Jornal de Negócios consultou duas empresas do setor que oferecem o modelo de franquias para novos empreendedores. A HCC Energia Solar, fundada em 2005 na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, atualmente possui 40 unidades no Brasil, sendo dez no Estado de São Paulo e duas na capital. De acordo com o gestor da unidade Barra Funda, Fábio Barradas, a rede prevê aumentar em 30% o número de franquias em 2022. A empresa oferece três modalidades de franquias, com taxa mínima de investimento de R$ 12 mil a R$ 22 mil e retorno de investimento estimado de oito a 13 meses, de acordo com o modelo escolhido.

Barradas explica que, para se tornar um franqueado, vale a pena a pessoa interessada fazer um curso de energia solar com uma empresa que atue no mercado. “Quanto mais a pessoa aprender sobre energia solar, mais fácil será ingressar em uma franquia, pois terá mais conhecimento técnico”, comenta. Outras dicas são fazer uma pesquisa de campo para saber como é o mercado consumidor na região em que reside, desconfiar de valores baixos demais oferecidos e economizar capital para dar início ao empreendimento.

A Energy Brasil, por sua vez, foi fundada em 2018 em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, entrando no franchising em 2019. Atualmente conta com mais de 400 unidades em todo o Brasil, com 114 unidades no Estado de São Paulo e 19 na capital. O investimento inicial é a partir de R$ 99 mil e o prazo de retorno estimado varia de 6 a 12 meses, dependendo do modelo escolhido.

Segundo o sócio-diretor da Energy Brasil, Marcelo Macri, a expectativa é abrir 150 novas franquias em 2022, representando um crescimento de 33% no número de unidades da rede. “Esse tipo de franquia é uma das alternativas mais vantajosas hoje em dia, visto que a instalação de sistemas de energia fotovoltaica vem crescendo significativamente nos últimos anos, devido ao constante aumento dos problemas ambientais e principalmente o aumento dos custos de energia elétrica”, comenta Macri.

Matéria publicada no Portal Agência Sebrae

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